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2 de junho de 2023

 

Temos de preparar o País para ficar menos doente, diz David Uip

Como falar em saúde sem a preservação do meio ambiente? Como falar de futuro se não tivermos mentes e corpos sãos com uma boa nutrição, esporte e entretenimento? O questionamento é de David Uip, professor reitor do Centro Universitário FMABC, que pensa a saúde como caminho natural da prevenção e acredita na multidisciplinaridade e na multisetorialidade para fazer frente aos desafios da agenda 2030 em Santo André. Para o médico infectologista, a preparação para um futuro com mais saúde inclui uma porção de decisões e políticas públicas, que vão muito além de ações localizadas para curar doentes e alcançam a preservação urgente do próprio planeta.

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Para dimensionar os avanços atuais e enxergar o futuro, David Uip faz questão de olhar para os últimos 30 anos, época em que exames de ultrassom e tomografia eram novidades que pouquíssimos sabiam interpretar. Nesse exercício o professor aposta no que chama “tecnologia hiperdesenvolvida” para os próximos 30 anos e imagina os desafios da própria aplicação dos avanços, tanto os presentes quanto os que ainda virão.

David Uip pensa que muitas das profissões atuais deixarão de existir e lembra que há novos paradigmas a serem 

resolvidos, como a longevidade e a baixa taxa de crescimento das novas gerações – a famigerada inversão da pirâmide, que, na sua visão, posta mais uma desafiadora questão: de como financiar o sistema público e privado para cuidar bem dos dois lados. “Daqui a 30 anos podemos estar falando de pessoas com 110, 120 anos”, adverte. O médico avisa que o desafio não é para 30 anos, é para hoje. Aponta que o sistema público tem enormes dificuldades de gestão e financiamento, mas se diz otimista quanto a Santo André. “Sempre foi pioneira e esteve na ponta em diversos setores e não somente a medicina”, comenta. O professor destaca o papel da universidade na liderança de novos conhecimentos científicos e afirma que a instituição tem de ser curiosa, intrigante, desafiadora e contestadora. Tem de buscar a ciência, transmiti-la e fundamentalmente criar pensadores, pessoas prontas para os desafios do futuro. “Hoje vejo a nossa universidade quebrando muralhas, indo para a sociedade, entendendo seus desafios e sendo propositiva, trazendo soluções” diz. Uip atribui esse resultado a investimento na iniciação científica de alunos recém-egressos, importante para a ativar a mentalidade inventiva e criativa, que busca respostas para as necessidades. “Vejo a universidade como a ponta de tudo isso que vem pela frente, para isso temos de ter universidade forte, independente, democrática. Não podemos perder essa essência – a liberdade, a independência e a prontidão para novos desafios, isso é o que promove a formação de pessoas aptas a entender os próximos 30 anos. O reitor da FMABC pondera que a saúde vai continuar tendo o papel que sempre teve e vai avançar. Considera que as profissões relacionadas à área não serão desqualificadas pela tecnologia. Diz acreditar nos benefícios da tecnologia, mas é categórico em afirmar que não há como abrir mão do contato humano entre o profissional de saúde e pacientes. “Lição que a pandemia da covid-19 ensinou para quem não sabia como é importante ser caridoso, generoso, empático, acolhedor”, completa.

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